domingo, 4 de setembro de 2016

Sobre Feijões e Flores

Os gritos eram audíveis a longas distâncias e quem passava por perto sentia um frio na espinha. Ali perto, na fila para aqueles portões, Maria e Claudia apenas observavam o movimento. Um rapaz passou oferecendo-lhes feijões vermelhos em troca de um pouco da água em seus cantis, disse que seria o passaporte para a entrada da Cidade, explicou que os que não eram aprovados para a entrada iriam para o exílio no pavilhão dos gritos. Maria não queria saber de gritos nem de cidade, não queria estar na fila mas fora carregada junto com todos que conhecia para aquele ponto sem ter tido uma opção. Com medo de que fosse verdade fez a troca mas exigiu dois feijões, um para ela e outro para Claudia. A medida que chegavam perto, os gritos se tornavam mais fortes e percebeu que a trilha para a cidade estava vazia. Perto delas passou um outro rapaz, ele viu os feijões vermelhos e com feição preocupada pediu-lhes que se livrassem deles, elas explicaram o que ocorrera e ele então propôs a troca dos feijões vermelhos por duas flores raras que eram o verdadeiro passaporte para a cidade. Claudia não aceitou a troca mas Maria sim. Conforme o tempo passava, outros mercadores ofereciam diferentes soluções milagrosas para não serem enviadas ao pavilhão dos gritos. Quando finalmente chegaram, o senhor a porta perguntou-lhes o que tinham e quando mostraram deu passagem a Maria, mas Claudia deveria ser enviada ao temido pavilhão. Maria então abdicou de sua flor em prol da irmã, disse que era injusto que não escolheram aquela fila e que seus princípios não lhe permitiam ser feliz enquanto outros sofriam. Claudia também não aceitou ir sem a irmã. Questionadas sobre as oportunidades de obter a flor, explicaram que haviam milhares de mercadores e que cada um tinha um produto diferente que supostamente abriria passagem a cidade e que isto era injusto com todos. O porteiro então ofereceu passagem as duas que ainda assim se negaram pois muitas pessoas não teriam a mesma chance. Ele então explicou-lhes que verdadeiramente aquele tipo de bondade é que era a chave para a cidade e que ninguém que aceitasse o sofrimento alheio era digno dela, a autorização de entrar tinha sido somente mais um teste onde todos falharam e por isto a cidade e sua estrada estavam vazias.
O porteiro então lhes convidou a conhecer a cidade. Enquanto subiam pela estrada, ouviam gritos de ódio e clamor, Maria pensava no que encontraria e se não estava caindo em mais uma armadilha. Elas foram recebidas pelo dono do lugar que em retribuição a elas abriu as portas a todos aqueles que ansiosamente esperavam sua vez na fila e àqueles presos no pavilhão. Os gritos cessaram e um grande banquete foi montado onde Maria foi coroada rainha daquele novo país. A cidade em festa agora recebe a todos que tem a coragem de demonstrar bondade em seus corações e do pavilhão nunca mais foram ouvidos gritos.

sábado, 3 de setembro de 2016

Marcella (erótico)

O vento soprava com força lá fora, transpassando a janela pelas frestas e circulando ar frio pelo quarto.
Alheia ao mundo, em meio aos cobertores e ao seu próprio suor, Marcella tentava desesperadamente se desvencilhar dos pensamentos e dormir.
Aquele encontro de olhares à tarde deixou-a desconcertada sem saber ao certo como agir. Ela rolava na cama e, entre um pensamento e outro sonhava com Mauro, homem robusto, bem vestido e com um perfume inconfundível que a deixara sem sustentação somente por olha-la.
Pela manhã, trocou várias vezes de roupa imaginando se aquele encontro não ocorreria novamente. Chegando ao trabalho recebeu vários elogios e olhares surpresos com seu cuidado em cada detalhe do visual. Soube que acertara na escolha.
A oportunidade de ir ao segundo andar era sempre excitante, afinal era lá que Mauro estava, sempre concentrado em seu trabalho e ocupado demais para perceber sua presença, exceto ontem quando ele voltava do café e finalmente a olhou quando se esbarraram no corredor.
Como sempre, Marcella apressou-se em descobrir que demandas haviam que a levassem para aquele andar, se não fosse ágil perderia sua visita diária ao seu amor platônico pois alguém as atenderia primeiro.
Seu coração parou ao perceber que um envelope deveria ser entregue e assinado diretamente por ele. Rapidamente o apanhou porém sentou-se em sua mesa ensaiando mentalmente as palavras e movimentos para que ele não percebesse e ao mesmo tempo percebesse seu interesse. Era a primeira vez que tinha motivo para tira-lo de seu silêncio e trocar algumas palavras.
Após tomar coragem, lá ia ela em direção ao segundo andar com ar confiante e festivo. As passadas firmes não deixavam transparecer seu nervosismo mas, ao chegar ao local de seu anseio decepcionou-se pois ele não estava lá. Ao perguntar por ele descobriu que, estava realizando um levantamento na sala de arquivos no sétimo andar. E lá se pôs ela, mais nervosa do que nunca sabendo que o encontraria sem pontos de fuga.
Não pode disfarçar a tensão ao assinar o termo de entrada. Exitou ao colocar a mão na maçaneta que a levaria junto ao seu amor platônico, finalmente, respirou fundo e entrou. De onde estava não podia vê-lo, então foi percorrendo as estantes daquele andar deserto buscando em qual corredor ele estaria até encontra-lo no penúltimo. Aproximou-se vagarosamente sentindo a adrenalina aumentando em seu peito a cada passo até que ele a viu levantando-se de imediato e olhando-a fixamente.
- Marcella, o que te trás aqui?
"Como ele sabe meu nome? E este olhar que me desconcerta? E estes braços e.... O documento Marcella!!"
- Eu, eu ... Trouxe este envelope para você.
- Me deixe ver.
"Deixo sim, veja o que quiser"
- Aqui.
- Que ótimo, que boa notícia! Você é meu anjo!
Disse isso é deu-lhe um abraço e um beijo de maneira bem alegre deixando-a completamente atônita e paralisada.
- Desculpe, eu me empolguei! Mas você não imagina o que é trabalhar dois anos em algo e finalmente receber o aval.
- Oh, mas se é assim deve comemorar. Sempre o vejo tão concentrado trabalhando, acho que merece esta vitória. 
- Me vê? Eu sento no canto do andar onde pouco sou percebido mas sempre a vejo passar.
Ela deu um sorriso sem jeito, arrumou o cabelo e o olhou com ares de menina apaixonada, ele notou que havia algo mais e aproveitou o silêncio para chegar mais perto. Tocou-lhe suavemente o rosto com a mão e percebeu-a inclinando-se e fechando os olhos, neste momento soube que podia prosseguir. Beijou-a de forma ardente forçando suas costas violentamente conta a estante, correu uma das mãos até sua nuca enquanto a outra encaixou em seus quadris, Marcella se sentia entregue, o misto de sensações que tomavam seu corpo não a deixavam pensar com clareza no que fazia, neste momento ele começou a beijar seu pescoço e desabotoar sua blusa. Ela em um breve momento de lucidez tentou resistir ao impulso.
- É perigoso.
- É mais excitante assim.
Disse isso é retirou a própria camisa colocando a mão dela sobre seu peito com musculatura moldada em academia,  ela ficou ali, inerte sentindo a pele dele em suas mãos e as mãos dele entre suas pernas e em seus seios. Sentiu-se ensopada quando ele a puxou para perto pelos quadris beijando-a ardentemente mais uma vez fazendo com que soltasse um leve gemido. Ele abriu seu sutiã e o retirou com uma facilidade incrível, então deitou-a no chão e começou a sugar seus seios enquanto desabotoada a calça dela. 
- Calma.
Disse mas interrompeu a fala fechando os olhos e molhando os labios quando os dedos dele tocaram seu clitóris, sabia que não conseguiria e não queria resistir. Ele então levantou-se e tirou a própria roupa revelando uma senhora tora ereta embaixo daquela aparência formal.
- Você é tão bonito quanto imaginei.
Ele tirava suavemente os sapatos de salto dela dando suaves beijos em seus pés e então puxou sua calça tirando-a  deixando Marcella só de calcinha.
- Eu sabia que você me desejava, e eu também sempre te quis. - disse ele.
Mauro então, segurando firme seus cabelos da nuca, introduzindo seu membro na boca dela. Marcella envolveu sua mão a base daquele pênis e começou a chupa-lo com vontade alternando momentos em que lambia suas bolas com chupadas da base e da cabeça daquele pau maravilhoso. Enquanto isto Mauro a masturbava e ela, sentindo-se invadida de tesão gozou em sua mão num urro contido de prazer.
Ele percebeu e arrancou sua calcinha colocando-a de quatro. Nem pensou em ser delicado tão intensas estavam as coisas, já foi logo introduzindo todo o seu membro numa forte estocada. Marcella sentiu-se rasgando por dentro tamanha grossura daquela piroca e conforme ele aumentava a força e intensidade gemia mais e mais, excitava-se mais e mais, ele então a deitou de costas para o chão e recomeçou a meter. Puxou suas pernas para cima dos seus ombros fazendo com que ela senti-se todo o tamanho do seu caralho dentro dela e, neste momento ela gozou novamente enquanto ele gemia forte. Rapidamente ele tirou o pau pois não queria gozar ainda, não sem provar tudo que ela tinha a oferecer. Começou a chupa-lá e quando ela parecia excitada usou um dedo em seu anus. Ela sabia o que ele queria mas tinha medo pois nunca tinha feito, a língua dele em sua vagina não permitiam que ela pensasse muito bem e conforme ele foi aumentando a intensidade da chupada e ela de gemidos ele introduziu seu dedo até que ela gozou novamente.
Sem exitar, Mauro a colocou quatro e começou a forçar a entrada do anus dela com a cabeça de seu pau.
- Vai doer. Eu nunca fiz isto.
- Calma, serei delicado e você vai gostar.
Ela assentiu com o olhar e ele continuou. Sentiu uma dor forte quando ele finalmente conseguiu entrar e começou leves movimentos só com a cabeça do pênis até que ela conseguiu receber o corpo daquele enorme caralho dentro de si. Conforme ela foi acostumando a dor foi sendo substituída por prazer e conforme ele percebia a excitação dela foi aumentando a intensidade dos movimentos.
A mão dele em seus quadris puxando-a com força contra si, aquela tora invadindo e sendo sentida em seu interior, ela, tão séria e comedida estava agora entregue, nua e de quatro em uma sala empoeirada de seu local trabalho com alguém que ela só sabia o nome e achava bonito, sentia-se uma vagabunda, mas uma vagabunda feliz, gozou novamente e percebeu que ele gemia cada vez mais até que sentiu seu pênis pulsando dentro de si e aquele líquido quente preenchendo seu interior e escorrendo em suas pernas. Ele não se conteve e deixou seu corpo cair sobre o dela, o peso dele entregue ao prazer a excitavam ainda mais. Ela lhe deu mais alguns beijos e vestiu-se. Pediu então que ele assinasse ter recebido o envelope, anotou seu telefone em um rascunho, deu para ele e disse:
- Se quiser comemorar mais um pouco sua conquista é só me ligar.
Enquanto ela ia embora ele a olhava extasiado pensando "como eu não reparei antes está bunda tão bonita?".
Marcella passou no banheiro arrumar-se novamente mas sua demora e a mudança em seu visual não passaram despercebidos aos olhares mais atentos principalmente de sua melhor amiga.
- Quero saber tudinho no almoço em.
- Pior que não houve nada, só me perdi pelo prédio e tive que usar as escadas. Juro.
- Sei. Você não me engana!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Just With Love


Helena o espera de banho tomado, roupas íntimas quase imperceptíveis sob uma camisola curta e transparente. O aroma de seu perfume invade toda a sala e, quando Miguel finalmente entra pela porta cansado de mais um dia de trabalho ela vai ao seu encontro e o recebe com um beijo apaixonado.
Ele janta enquanto ela o observa e acaricia levemente seu braço e seus cabelos. Miguel lança sobre ela um olhar de que ainda não está satisfeito e espera pela sobremesa.
Helena o conduz até o chuveiro onde o despe carinhosamente beijando todo o seu corpo e, apesar de já haver tomado banho não se importa em fazê-lo novamente devido a companhia incrível do momento; Assim, com um punhado de shampoo ela lava suavemente seus cabelos e enquanto a água cai sob o corpo nu de Miguel ela lava suas costas até que, tomado por um ímpeto de desejo, ele não se contém e a possui com vigor ali mesmo; pode sentir o corpo dela implorando pelo seu amor e com sofreguidão sucumbem à intensidade do sentimento. Num vai e vem frenético pode-se ouvir a respiração pesada de ambos e os gemidos ao pé do ouvido, até que num suspiro mais acentuado, ambos se rendem ao prazer de se completarem e, por alguns minutos ficam ali, parados, sentindo o coração batendo forte...deixando evidente um ao outro o quando se amam e se querem.
Não obstante, após se secarem, tomam o rumo do quarto para, enfim terem o descanso merecido.
Delicadamente e de maneira um tanto sensual Helena começa a se vestir enquanto Miguel a observa sentado, ainda nu na cama.
- Nossa. Como você é sexy! - comenta ele.
- Nossa. Como você é exagerado! - rebate ela sorrindo e indo ao encontro dele e pousando serenamente um beijo em seus lábios.
Ele a toma em seus braços e a envolve lentamente.
- Eu te amo! - ele diz.
- Eu te amo mais! - ela responde enquanto suas mãos deslizam pelo corpo de Miguel, chamando para si de maneira sutil.
As intenções de Helena provocam reações imediatas, e a vontade de ser dele novamente, são de todo percebidas. Invadido pelo deleite de estar com a pessoa que ama e pode verdadeiramente lhe extrair o melhor; ele sorri, murmura em seu ouvido que ela é única, retira voraz o pouco de roupa que ela havia vestido e a domina com virilidade. Se amam de todas forma e maneiras possíveis, afinal, para eles a noite é algo que foi feito para isso, para receber os amantes e a lua iluminar seus corpos inundados de prazer, suados pelo contentamento de se sentirem um.
Adormecem exaustos e abraçados, sabendo que desta vez, é real o que vivem!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O mar se abriu


E o mar abriu, revelando por debaixo das águas agora suspensas em dois paredões, mais do que apenas terra, haviam ali escombros e barcos, ouriços e peixes que ainda tentavam respirar, havia a perspectiva de chegarem sãos, salvos a outra margem, de não se afogarem nem sucumbirem em meio a tantas coisas escondidas na terra que agora tomava lugar no que antes era um mar revolto.
O mar se abriu e agora havia um caminho a seguir, um caminho incerto, mas era melhor do que o estagnar vivido ate então. Se olhavam perplexos ainda sem acreditar naquilo, queriam seguir mas a imagem que vinha às suas cabeças era do mar se fechando novamente sobre eles. "La vai", pensaram se entreolhando, começaram a caminhada a passos largos mas com os corações apertados, venciam um passo após o outro aquela distancia que parecia muito maior que seu real tamanho em virtude do medo que os consumia, vez ou outra percebiam que estavam sob os domínios do mar ao ver algum animal marinho a se debater ou por alguma embarcação que conseguiam enxergar, isto lhes fazia tremer o corpo, arrepiava-lhes a espinha mas ainda assim, com medo, caminhavam.
Quando finalmente estavam próximos do fim da jornada, foi que perceberam que não conheciam a outra margem e que ela poderia ser idêntica a anterior tão cheia de problemas, traumas e perigos, ela lhe chamou atenção ao fato, mas ele sabia que na pior das hipóteses estavam caminhando, "retroceder jamais" pensou, segurou firme a mão dela e continuou a andando fingindo não ter escutado seus comentários, assim, meio contrariada, seguiu em frente por aquele novo caminho, hora amedrontada, hora sorrindo.
Ao pisarem em terra seca, na outra margem, ela lhe disse que seus problemas ainda os perseguiam, ela podia enxerga-los vindo pelo mar ainda aberto, ele apenas sorriu e pediu que ela não olhasse para trás. Começou a lhe mostras as diferenças daquele novo lugar, começou a mostrar que teriam tudo que precisassem para se manterem seguros e felizes, cuidava de cada detalhe para que ela esquecesse de olhar para o mar ainda aberto com os problemas marchando e clamando por sua atenção, ela assim o fez e no momento em que percebeu que estava segura, no momento em que teve a certeza de que seus problemas eram meras cartas de baralho sopradas pelo vento, tentando atravessar um oceano para impedi-lá de chegar a ser do tamanho que foi destinada a ter, o mar se fechou sobre eles, eliminado seu grito desesperado de atenção, e assim, em um abrir e fechar de olhos foram eliminados, sucumbiram a sua fé e a sua perseverança e agora ela podia seguir viagem, planejar sem o peso do passado, ainda não notava seu próprio tamanho, isto somente ele via, mas estava pronta, livre dos seus grilhões e agora ela iria voar.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Antes que o mundo acabe!


Disse adeus e atravessou a rua, hoje não iria para casa, hoje pegaria o mesmo ônibus que por tanto tempo foi seu destino, aquilo que há tanto ele tentou evitar. Mais uma vez ele voltava cabisbaixo a residência que nunca foi seu lar, mais uma vez tinha que admitir que fracassou.
No caminho pensava em tudo, no péssimo dia que teve, que quando ouviu o pedido dela já sabia o que vinha a seguir, só não imaginou que ela fosse caminhar tão rápido para o segundo passo, as palavras ainda marcavam profundamente seu coração, nem percebeu o curto caminho de volta, se sentia meio aéreo e quando deu por si estava pisando entre uma cor e outra na calçada. “Não é fácil regredir” pensou, “logo agora que as coisas iam tão bem”.
O elevador já o esperava quando adentrou o edifício, parou alguns minutos tomando coragem de abrir a porta e ao entrar teve que ouvir perguntas que ele não queria responder. Foi evasivo o quanto pôde, lembrou-se que mesmo estando triste pela manhã, ela não estava tão ruim como sua noite sabendo que havia perdido a certeza que tinha de estar ao lado daquela que amava. O whisky lhe aqueceu um pouco e permitiu que se sentasse para escrever o que sentia já que não havia com quem desabafar.
“O convés começou a baixar, preciso achar por onde esta entrando esta água antes que tudo vá a pique” retrocesso é sempre o início do naufrágio e ele sabia muito bem disto. Ela havia se desprendido de medos, dito que diria sim, que tê-lo a seu lado era tudo que ela queria, mas, do dia para a noite tudo mudou, ela teve medo. Ele pode ver seu antigo amigo se levantar enquanto trocava mensagens com ela, ela parou de responder e só voltou quando ele apareceu, ele não olhava-o à tempos mas fez questão de olhar em seus olhos com um sorriso irônico de quem havia se aproveitado de um instante de fraqueza para lançar a dinamite que há tempos procurava brecha para ser lançada, sorriso de quem tem a certeza da conquista, de que finalmente derrubou um oponente ainda que sua vitima nunca o tenha visto como tal.
Ele já não encontrava um motivo para acreditar em justiça divina, parecia que ela só existia quando era ele que errava, via como todo o canalha sempre se dava bem, como o mau sempre vencia, começou a perceber que não eram as pessoas o problema, ele nunca dava certo com ninguém então deveria obviamente estar errando em algum lugar comum. Olhava para o princípio do fim como quem observa a tempestade chegando ao longe, aproveitando a calmaria, observando o relampejar, querendo ficar o máximo possível abrigado aonde estava, sabendo que o mundo estava prestes a acabar.
E antes do fim do mundo ele queria beija-la o quanto pudesse, queria tocar seus lábios acariciar-lhe o cabelo e dizer que a amava, ainda que soubesse que é inevitável, ainda que não soubesse por quanto tempo ela iria ficar, só queria estar ali até o mundo acabar.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

ESTELA ESTRELA

Mais uma estrela acende no céu,
e se apaga na Terra.
Mais uma luz que achou um jeito
de estar com todos os olhos ao mesmo tempo.
Pra não perder a pose de bonita
foi mostrar ao céu que sua luz é rica
Linda ESTELA ESTRELA
Em meu coração guardo a luz e o carinho
de tuas palavras e de teu sorriso
Vejo a canção que animou tua ANDANÇA
e brilha em mim tua doce lembrança.
Tenho firme o presente do teu ensinamento:
Que importa a vida e não o julgamento,
Que exista harmonia em todo e cada momento,
Que riam todos juntos, pois ensinastes a união,
Que não há dor que resista a comunhão.
Pois por onde foi espalhou teu brilho
E não houve um que não quisesse saber qual era este teu caminho.
Sendo um pouco de todos e nunca de ninguém,
fez que todos fossem um pouco de ti
e que cantassem, pra você rir,
que querem ser seu par por onde quiseres ir!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A Procura Terminou

João foi chegando lentamente, deixando acontecer de forma natural... uma troca tímida de olhares... uma leve investida temerosa... até que num ato ousado, como que regido por uma música inaudível que o impulsionava, se encheu de coragem e chamou Maria para sair. 
Dava para perceber nitidamente em seu olhar o receio do não e o nervosismo do sim; Ainda mais quando ela balbuciou um "vou pensar" e, mesmo ficando um tanto balançada pelo convite para um simples passeio no parque, ficou apreensiva pois por alto sabia quais eram as reais intenções do belo moço, um romântico inveterado.
Após ponderar algumas possibilidades e perceber que apesar de não estar pronta merecia sim se permitir, então aceitou.
Era uma belíssima tarde de sol e Maria via os lindos olhos de João serem inundados por um brilho que mesclava o reflexo dos raios solares com o lampejo de um forte sentimento contido, tornando seu olhar incrivelmente irresistível e profundo. Caminharam pelo parque envoltos por uma harmonia e uma intimidade crescente e, embora não se conhecessem há muito, era como se tivessem nascido um para o outro. Sentaram-se na grama verde e macia; Maria descalça sentindo o chão sob seus pés e o frescor da brisa tocando seu rosto, tentava se convencer de que tudo aquilo era real. Procurava inutilmente desvencilhar-se das belas palavras proferidas por João e das promessas que ele fazia, ela já ouvira tantas vezes sentenças vazias que a fizeram compreender e aceitar que "toda expectativa é passível de frustração₁". Maria buscava blindar seu coração para que não se ferisse novamente, haja visto que a chaga anterior nem havia sido sarada. 
Como se lesse seus pensamentos ou visse de forma evidente a sensação de medo através dos olhos dela, João prometeu-lhe o mundo e as estrelas naquela tarde. Disse ao pé do seu ouvido que ficasse tranquila pois tudo iria ser diferente à partir daquele momento, ele seria o bálsamo sob suas feridas e com muita paciência a faria entender que ele era o homem de sua vida, dando tudo de si para isso; porém antes mesmo que dissesse tais cousas, sem saber, dentro de si ela já começava a acalentar, com um pouco mais de segurança, o sentimento que nascia acanhado, com a função preencher a imensa lacuna que havia em sua vida. 
Tinham muito em comum e sentiam mutuamente que a vida os tinha preparado para aquele exato momento, para serem perfeitos um para o outro! 
Não tinham tanto tempo quanto gostariam, e o dia se foi com o decorrer da conversa. Uma aura fabulosa de equilíbrio os envolvia e desejavam intensamente que o tempo parasse para eles naquele fantástico pôr-do-sol; sob o qual se abraçaram e juraram silenciosamente em seus corações, amor eterno.


₁ N.E. Autoria de Igor Campos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Aquela noite


A noite as coisas sempre se tornam mais intensas e, em meio à um turbilhão de sentimentos, ela quis sua presença, quis que ele fosse a calma que ela precisava. Verdade que a forma do pedido não pedido gerou uma dualidade de sensações só dissipadas por seu olhar, aquele olhar de “que bom que você veio” misturado com a tristeza que a consumia.
Segurá-la em seu colo, dar-lhe carinho, cuidar de suas feridas, esclarecer dúvidas, algo que só o sentimento verdadeiro proporciona. A música, os beijos, o calor dela em seus braços e seu olhar dizendo que era ele a sua escolha, não há como descrever a quantidade de sensações correndo seu coração neste momento. A noite passava enquanto conversavam, seus olhos já viam dificuldade em manter-se abertos, levou-a para cama, mas a vontade de ambos em ter um ao outro não permitiria que dormissem, ao invés disto, tomados por esta tensão, tomados pelo sentir, entrelaçaram os corpos como quem quer tornar-se um, com aquela urgência que só o desejo pode causar.
O prazer era intenso mas ela queria mais e mais, a cada vez ela parecia mais hábil em recuperar as forças dele, variadas formas tornaram tudo mais forte e ele se sentia entregue. Sentiu-se seguro para contar-lhe seus sonhos, embora soubesse que tudo faz parte de uma construção e que ela ainda não estava pronta a realiza-los. O toque acendia as fagulhas do desejo e foi então que ela instigou seu lado B a toma-la pra si e ele a tomou, com uma força e uma fúria com a qual nunca havia tomado ninguém, ele pode ver que ela gostava e ansiava mais e quanto mais percebia isto, mais aquilo se fortalecia e mais ele deixava livre a fúria dentro de si para que o prazer dela fosse completo.
Finalmente dormiram, ele demorou um pouco mais, preferia observa-la e pôde perceber que ela realmente era tudo que ele queria, que era um homem de sorte por ter alguém como ela ao seu lado. Pela manhã, observou um sorriso contido no rosto dela e sentiu-se feliz por participar daquele momento, ela era cada dia mais dele e ele cada dia mais dela.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Ela


Eu acordei, olhei pro lado, sabia que não era ela quem eu queria ali ...
Por que você está tão longe daqui agora? Por que toda essa imensidão de distancia que nos separa? Por que ela está aqui e não você? Será que você pensa em mim da mesma forma que eu penso em você? Será que você lembra de mim as mesmas boas recordações que tenho de e com você? Será que o fato de acreditar já é o suficiente para ter você do meu lado novamente um dia?
Lembro-me de nossas historias, dos nossos passeios, das nossas encrencas ... Lembro-me do dia em que você veio aqui pela primeira vez, sentamos no sofá e o assunto fluía cada vez mais, nossa sintonia estava cada vez mais afinada, fizemos de tudo, menos assistir o filme que alugamos ...
Eu não preciso falar muito para você me entender, uma simples troca de olhares já dizia muita coisa. Eu fazia algo que achava que era o certo e você falava que aquilo era exatamente o que você mais queria naquele momento. Cada passo, cada gesto parecia que havia sido dado para o outro, para o bem do outro e não para si mesmo. Sempre tivemos essa conexão!
Ela ... Ela está aqui ... Não sei o por que ela está aqui ... Queria estar com você, queria extinguir toda essa distancia entre nos ... Mas ela não permite mais ... Ela apareceu de repente, quando ninguém esperava e me deixou aqui, pensando em você, nas coisas boas que podíamos estar fazendo ... Mas não ... infelizmente é ela que está do meu lado...
Mas não quero perder as esperanças, eu sei que terei você do meu lado!
E quando esse dia chegar ... não importa a situação, não importam as consequências, será o dia mais feliz da minha vida.
Essa janela já ouviu tantas lamentações minhas, essa chuva que cai agora já está acostumada com a minha presença ali...
Fecho meus olhos, penso em você...
Aonde está você, minha linda?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Felipe Dionísio Prestes


Em uma distinta cidade ao sul do país morava um jovem chamado Felipe Dionísio Prestes. Ele tinha vontade de realizar grandes feitos, o que demandava muito conhecimento e tempo. Porém o rapaz era apressado e esperava conquistar tudo o mais rápido possível.
Nosso obstinado jovem entrou para uma firma que realizava projetos de reparos que eram importantes para pequenas empresas e passou a ser o segundo setor, recebendo os projetos que vinham da recepção e decidindo se realizava ele mesmo o reparo necessário ou se repassaria aos arquitetos para realizarem o serviço. Ele ganharia uma quantia por cada projeto feito e logo no primeiro mês passou a realizar três vezes mais projetos que os seus companheiros de serviço. Seus companheiros que realizavam em média 10 projetos ao dia se viram desconfiados quando aquele jovem, recém chegado, passou a realizar 30 projetos no mesmo tempo. Um dia as canetas sumiram e só foram compradas novas no final do expediente, os colegas, desanimados, realizaram 3 ou 4 projetos com muito esforço, ainda assim, Felipe Dionísio Prestes conseguiu a impressionante marca de 23 projetos.
Um dia, um dos colegas do rapaz descobriu um projeto que havia sido dado como encerrado por ele sem alterações e no mesmo dia ainda encontrou outro. A notícia se espalhou, o paladino estava encerrando projetos sem ao menos realizar as alterações necessárias, no mesmo dia uma das moças da recepção veio à um superior dele e trouxe uma pilha de projetos não alterados que os clientes tinham devolvido para que fossem desta vez realizados corretamente. Ela apontou a assinatura de Felipe Dionísio Prestes e citou que o jovem era um irresponsável.
Conforme as especulações cresciam, o rapaz se sentia cada vez mais ofendido, ele vociferou à todos que não havia realizado nenhum processo fora do padrão. Então, todos que falaram contra o rapaz foram chamados à uma reunião onde o superior citou a eles que deveriam se espelhar nele para realizar os projetos pois a empresa também recebia por projeto realizado e ele por consequência, citou que o rapaz estava certo e que nenhum procedimento fôra realizado fora do padrão.
O jovem obstinado logo foi promovido após premiação por seu serviço inigualável e, assim que pode, conheceu o proprietário da empresa e conseguiu dele o lugar do superior que o protegera. Com o novo salário Felipe Dionísio Prestes pode então realizar seu sonho de fazer doutorado. Hoje seus feitos são conhecidos em todo lugar e por onde passa é saudado por todos exatamente como o que está escrito na porta de seu escritório: “Dr. F.D.P.”

*qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência