sexta-feira, 13 de abril de 2012

Quem um dia irá dizer que não existe razão ...




Ela já havia sido tocada antes mas não com aquela intensidade, as mãos dele sobre seu corpo produziam mais que excitação, era um sentir que provinha de seu interior. Seus beijos a deixavam vulnerável, seu toque a tomava por inteiro e ela faria o que ele desejasse naquele momento. Ele gostava do que via em seus olhos, do descontrole que seu corpo demonstrava. Há tempos ela o desejava porém ele não permitia sua aproximação, não demonstrava interesse. Se viam todos os dias no trabalho, ele a ganhava com o olhar, ela o conquistava no sorriso e ambos evitavam dar o passo decisivo que desnudasse a aparência de formalidade com que dirigiam-se um ao outro e tornasse claro o desejo que os consumia. Enquanto ele tirava suas roupas com a urgência que os casais sentem quando queimam de desejo, ela entregue tentava imaginar porque tentará esconder de si própria por tanto tempo o quanto o queria. “Que deliciosa coincidência o trouxe aqui hoje” pensava ela. A boca dele em seu corpo a enlouquecia, fora tanto tempo imaginando como seriam aqueles beijos. Se cruzaram durante semanas desde que ele foi transferido ao setor dela mas jamais teriam arriscado algo a mais se naquele sábado ela não tivesse decidido caminhar.
Morava perto a um parque arborizado e era sempre prazeroso estar naquele lugar, a vida que acontecia, a liberdade, o ar. Sentou-se a beira da trilha no gramado observando as pessoas e saboreando cada pequena coisa que acontecia, tudo era tão interessante, fazia seus pensamentos voarem longe. Era um dia como qualquer outro em que ela voltaria para casa sozinha. O sol da manhã ofuscava sua visão, ele vinha em sentido contrário com o sol as costas e pode observa-la bem antes de se aproximar. Precisou colocar suas mãos a frente dela para que ela observasse o rosto daquele intruso que insistia em permanecer no caminho. Era costume dela andar de cabeça baixa, se sentia constrangida em olhar para o rosto das pessoas, em vez disto, preferia observar impessoalmente a todos apenas o necessário para desviar deles, gostava de ser uma anônima na multidão. Mas o intruso estava ali e por mais que ela tentasse desviar ele novamente trancava a passagem, ela não pode conter o sorriso quando percebeu quem estava a sua frente. O brilho em seus olhos fez o rapaz se sentir constrangido e cumprimenta-la apenas comum “oi”, ela imediatamente tentou puxar assunto, mostrar que estava feliz em estar ali sem mostrar seu real desejo mas desejou que ele ficasse o máximo possível a seu lado. Ele era mais bonito com aquelas roupas que provavelmente estavam em cima na pilha do armário do que com a vestimenta formal que ela estava habituada a vê-lo. Ele tentou se despedir, imaginando ser inconveniente prolongar a conversa. Ela não permitiu, ao invés disto tomada de toda coragem que conseguiu juntar o convidou para um almoço e antevendo que ele pudesse dizer não por questões financeiras complementou o convite dizendo que tinha preparado algo especial antes de sair de casa mas que comeria sozinha e que seria bom ter companhia naquele dia.
O vinho lhes permitia arriscar mais nas palavras e a proximidade dos rostos e dos corpos diminuía a todo instante, ele tocou seu rosto esperando um sinal, ela retribuiu com uma caricia velada em sua bochecha, esperava o beijo. Ele pode perceber quando ela molhou os lábios discretamente e se aproximou com calma, ela abaixou as mãos como quem autoriza a entrada a um visitante, ele tocou seus lábios devagar desbravando-os com cuidado, ela pôs as mãos na nuca dele e ele a tomou com toda vontade que guardará por tanto tempo cada vez que ela passava por ele. Ela estava ainda mais linda com o rosto corado e o corpo entregue. Ele a despiu, a tocou, a beijou e a penetrou, tinha intensidade, tinha vontade, ela não era uma mulher comum, despertava nele um desejo intenso e foi assim que ele a possuiu por várias vezes durante aquele dia.
Naquela segunda-feira, mal sabiam como agir, ele tentava interpretar o olhar dela e ela tentava interpretar o sorriso dele, não houve quem não notasse que havia algo diferente ali. Talvez fosse o principio de um romance, talvez não, certeza só havia que o acontecido seria inesquecível e que provavelmente se repetiria novamente, talvez no Sábado, talvez na Sexta, ou talvez naquela mesma Segunda-feira.

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